Manet considerava este quadro o melhor da sua produção, embora tenha sido um dos seus trabalhos que recebeu as críticas mais duras e as maiores humilhações quando exposto pela primeira vez, no Salão de 1865. Um dos críticos da época escreveu “A arte afundou tanto que não merece nem censura”.
O que chocou o público foi a sensualidade direta do tema: na literatura francesa, Olympia era um nome que definia comumente as prostitutas, e os adereços e ornamentos eróticos da modelo, assim como seu olhar atrevido, não deixavam dúvidas quanto à sua profissão.
A pintura de Manet mostra uma mulher nua reclinada em uma cama, vestindo apenas uma fita preta em volta do pescoço, uma pulseira de ouro no pulso, chinelos Louis XV nos pés e uma flor de seda no cabelo – todos os símbolos de riqueza e sensualidade. Ao pé da cama há um gato preto, enquanto uma mulher negra lhe traz um maço de flores.
A modelo para o quadro foi Victorine Meurent, uma das suas modelos favoritas, que também aparece como a mulher nua em Almoço na Relva.
A característica mais impressionante da pintura – o que a define como uma obra de arte revolucionária – é o contexto totalmente moderno. Como Olympia não é deusa clássica ou ninfa mitológica das páginas de Ovídio – Olympia é uma prostituição parisiense do século 19. Ainda mais chocante é a expressão em seu rosto. Ela olha para o espectador com um olhar direto, quase de confronto, como se colocasse o espectador no papel de seu cliente.
Na verdade, os nus femininos foram criados por artistas há séculos: a escultura grega, que consistia em retratar os corpos masculinos e femininos e o Renascimento italiano que considerava o corpo humano como um dos seus principais temas. Mas a nudez só era aceitável desde que o contexto fosse suficientemente elevado. E uma cortesã deitada nua numa cama tinha a realidade fria e prosaica para a época.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Manet, experimente fazer uma releitura dele ou criar um retrato desafiador, usando o material colorido que mais gostar.
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