A ópera é um mundo de paixões e ela provoca apaixonados. Não há gênero que mexa com mais força e violência no ouvinte, que é sempre, de alguma maneira, espectador. Porque a ópera é também, e essencialmente, teatro. Um teatro onde as emoções vividas pelos personagens foram intensificadas até atingir o ponto de paroxismo por obra da música. A ópera não é um teatro musical, é um teatro feito de música.
O texto da ópera, chamado libreto, é, na grande maioria das vezes, escrito em verso e concebido de maneira simplificada. Ele não se sustenta por si só, como uma peça, porque precisa ser alimentado pela música , criadora do poder de convicção que as palavras e as situações adquirem em cena.
Por essa razão, o compositor da ópera é sempre muito mais importante do que o autor do libreto. Entretanto, ao tomar um libreto para compor uma ópera, o músico depende do desenrolar da história. Não e possível compreender a ópera isolando uma coisa e outra. O tempo da ópera é o tempo da história que deve ser contada com música.
A ópera nasceu por volta de 1600. Alguns artistas e intelectuais italianos tentaram recriar a antiga tragédia grega, que incorporava também a música, embora essa música se tivesse perdido. O resultado foi um gênero inteiramente novo, cuja força dramática imediatamente se impôs.
Como toda música erudita, espetáculos de ópera não são sonorizados, a não ser quando apresentados em locais inadequados, ao ar livre, em produções de baixa qualidade artística.
No início, os teatros eram pequenos e as orquestras reduzidas. Mesmo assim, cantar uma ópera significava já um esforço considerável. Com a ampliação das salas e o aumento das orquestras ocorrido no século passado, com a escrita cada vez mais exigente dos compositores, cantar uma ópera tornou-se uma espécie de proeza atlética. Exige-se dos cantores musicalidade, beleza de timbre, mas também volume e capacidade de atingir notas que vão do grave ao agudo numa amplitude muito grande.
Há quem adora, há quem odeie, há quem despreze a ópera. Raras são as posições de meio-termo: o gênero possui uma tal força que elimina os indiferentes. Amar ópera significa, no entanto, uma fonte muito forte de prazer e vale a pena tentar.
Os cantores de Ópera
As vozes são classificadas em seis categorias principais.
São femininas as três primeiras, mais agudas. Até o início do século 19 havia também os chamados “castrati”, homens que cantavam no mesmo registro que as mulheres porque tinham sido castrados quando crianças para que suas vozes não mudassem durante a adolescência. Soprano é a voz mais aguda. Os chamados sopranos ligeiros possuem vozes mais leves, flexíveis e luminosas, apropriadas para personagens inocentes, virginais e muito jovens. As vozes dos sopranos dramáticos são mais espessas e vinculadas a mulheres mais veementes e mais vividas. Mezzo-soprano ou meio-soprano não quer dizer um soprano pela metade, mas uma voz mais grave do que a do soprano. São personagens frequentemente muito sensuais e sedutores. Contraltos possuem vozes ainda mais graves, o mais das vezes destinadas a papéis de melhores velhas ou com poderes excepcionais.
Das vozes masculinas, o tenor é a mais aguda. É o herói, o mocinho da história, cuja idade gora em torno dos 20 anos. Sempre foi a voz preferida do público: o cantor mais célebre da historia, Enrico Caruso, era tenor, como Pavarotti e Domingo. O barítono, voz grave e aveludada, é em princípio um pouco mais maduro ou então assume uma função cômica. O baixo possui um registro profundo que desce a notas muito graves, é frequentemente poderoso, ou idoso, ou ambos ao mesmo tempo: os papéis de pai nobre são quase sempre consignados a eles, assim como o de reis e imperadores.
Regra geral, é possível imaginar algo assim: o tenor ama o soprano, também amada pelo barítono, vilão da história, que tenta impedir a todo custo que os dois jovens se amem. O mezzo-soprano é rival do soprano. Se há um pai, ele será baixo; se há feiticeira, ela será contralto.