Renoir realizou este autorretrato em 1910, quando tinha 69 anos. Este é um dos poucos autorretratos à óleo que o pintor deixou, cuja imagem física é mais conhecida, devido à grande quantidade de fotografias dele nesta última época da sua vida.
Nestes anos, Renoir atravessava o pior momento de sua enfermidade. A artrite reumática que padecia lhe provocava tremendos ataques de dores e um ano depois lhe paralisaria as duas pernas, deixando-o amarrado a uma cadeira de rodas. Ele tinha as mãos como garras de pássaro e tinha muita dificuldade para segurar o pincel, por isso pedia que o amarrassem a seus dedos rígidos.
Mas ele continuava pintando dia após dia, quando os ataques que lhe deixavam paralisado durante vários dias não lhe obrigavam a permanecer na cama.
Este autorretrato é expoente do que se vem denominando, etapa vermelha, devido ao predomínio desta cor, o que se faz especialmente patente em suas obras, a partir de 1898, e que estará presente, cada vez com maior intensidade, até o final de sua vida.
Embora nesta tela continue a empregar a técnica de pinceladas dispostas com leveza e fluidez, ele não reflete esse sentimento festivo-decorativo que aparece em suas pinturas de assunto feminino ou infantil.
O quadro está dotado de uma grande penetração psicológica e de um realismo, que se vê intensificado pelo forte contraste que produz o fundo de forte cor vermelha, no qual se destaca a expressão do rosto de um homem envelhecido e debilitado pela enfermidade, mas que inspira serenidade, simplicidade e respeitabilidade.
Com este autorretrato, Renoir escapa por um instante da busca de um paraíso cheio de alegria e felicidade, que ele parecia encontrar sempre e que conseguia refletir em suas obras, para olhar-se a si mesmo, no final de sua vida, e mostrar-nos a imagem de sua própria pessoa tal e como ele mesmo se via. Não em vão esta obra passou a fazer parte da coleção pessoal de seu filho Pierre, como mostra veraz e cheia de sentimento da personalidade do grande pintor que foi seu pai.
Em outros momentos, Renoir se retratou em desenhos a lápis com enorme realismo, representado-se enquanto pintava e mostrando essa mãos deformadas pela artrite reumática que padecia.
Mas neste autorretrato não há lugar para a angústia e o desespero. Renoir não expressa o difícil de sua situação a modo de lamento, senão como imagem realista e carente de convencimento que refletem fielmente a visão que o pintor tem de si mesmo.
Agora que você sabe mais detalhes sobre essa obra de Renoir, experimente desenvolver sua releitura sobre o tema, inspire-se nas características do Impressionismo e crie seu autorretrato, usando o material colorido que você mais gostar.
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