Desconhecida em vida, a sueca Hilma af Klint (1862-1944), tem sua primeira exposição individual na América Latina na Pinacoteca de São Paulo.
Antes mesmo de Kandinsky, Malevich e Mondrian, Hilma se permitiu abolir a figuração de suas pinturas, abrindo espaço para um abstracionismo até então inédito nas artes.
Abrindo as exposições do calendário de 2018 e um dos grandes destaques do ano na Pinacoteca do Estado, recebe a exposição “Hilma af Klint: Mundos Possíveis”
Cujo trabalho vem sendo reconhecido como pioneiro no campo da arte abstrata e que passou despercebido durante grande parte do século XX.
Hilma af Klint frequentou a Real Academia de Belas Artes, principal centro de educação artística da capital sueca, mas logo se distanciou do seu treino acadêmico para pintar mundos invisíveis, influenciada por movimentos espirituais como o Rosa-cruz, a Teosofia e, mais tarde, a Antroposofia.
Ela integrou o “As cinco”, grupo artístico composto por artistas mulheres que acreditavam ser conduzidas por espíritos elevados que desejavam se comunicar por meio de imagens e já experimentavam desde o final do século 19 a escrita e o desenho automático, antecipando as estratégias surrealistas em mais de 30 anos.
A exposição tem 130 obras. Destaque para a série intitulada “As dez maiores”, realizada em 1907 e considerada hoje uma das primeiras e maiores obras de arte abstrata no mundo ocidental, já que antecede as composições não figurativas de artistas contemporâneos a af Klint.
Além deste conjunto, a exposição em São Paulo contará com algumas séries de obras que nunca foram apresentadas ao público.
A mostra da Pinacoteca tem curadoria de Jochen Volz, diretor geral da instituição, em parceria com Daniel Birnbaum, diretor do Moderna Museet, e é uma colaboração com a Hilma af Klint Foundation.
“O trabalho de Hilma af Klint dialoga de certa forma com o sincretismo e a pluralidade de cosmovisões tão presente na cultura do Brasil.
A serialidade encontrada em sua obra também aparece na arte brasileira, em especial no concretismo e neoconcretismo”, explica Volz.
O trabalho de af Klint foi exposto pela primeira vez em 1986 na mostra “The Spiritual in Art: Abstract Paintings 1890–1985”, realizada no Los Angeles County Museum of Art.
Mas apenas a grande retrospectiva organizada pelo Moderna Museet de Estocolmo em 2013 e, consequentemente, a sua itinerância pela Alemanha, Espanha, Dinamarca, Noruega e Estônia permitiu que o trabalho de af Klint fosse reconhecido internacionalmente pelo grande público.
Desde então, suas obras participam de exposições realizadas na Europa e Estados Unidos.
A Pinacoteca prepara um catálogo bilíngue (português-inglês) que reunirá três textos inéditos escritos pelos autores Jochen Volz, Daniela Castro, curadora independente, e Daniel Birnbaum.
O livro trará ainda reproduções das obras expostas e uma cronologia escrita por Luciana Ventre, pesquisadora brasileira que lança nos próximos meses uma biografia de Hilma af Klint.
Pinacoteca do Estado de São Paulo – Pina Luz. Praça da Luz, 02 – São Paulo – SP. Aberta de quarta a segunda, das 10h às 17h30, com permanência até às 18h Até 16/07/18.
Fique atento. Os horários podem sofrer alterações, consulte sempre o site oficial da instituição.