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Expressionismo

Caneta Ponta Pincel, Faber-Castell, Supersoft Brush, 15.0710SOFT, 10 Cores

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. O psíquico é mais importante do que todas as formas e regras de composição.

Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. Corrente artística concentrada especialmente na Alemanha entre 1905 e 1930.

Em 1905, forma-se o grupo “Die Brucke” (A Ponte – ligação entre o visível da realidade e o invisível da alma). O grupo era formado por Kirchner, Heckel, Schimdt-Rottuff, Nolde, Pechstein. Alunos da Escola Superior de Arquitetura de Dresden. Artistas inquietos, de sensibilidade doentia, atormentados por obsessões religiosas, políticas e morais.

Em 1911, teve a origem da denominação: comentário de Walden, editor do jornal “Die Stuemer” (A Tempestade).

Em 1912, nasce o Grupo “Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul). Os componentes desse grupo eram Frans Marc, que adorava cavalos, Kandinsky, que gostava de cavalgar, Jawlevsky, Malevitch e Kubin, mestre do expressionista brasileiro Oswaldo Goeldi.

Principais características da pintura:

  • Pesquisa no domínio psicológico;
  • Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
  • Dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
  • Pasta grossa, martelada, áspera;
  • Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões;
  • Preferência pelo patético, trágico e sombrio.

Observação: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento ”Pós-Impressionista”. Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.

Destacamos os artistas:

Paul Cézanne (1839-1906), filho de um homem rico e extremamente dominador, ele estudou Direito e trabalhou no banco de propriedade da família, em Aix-en-Provence, antes de mudar-se para Paris. As primeiras telas, muito eróticas, bem como m temperamento tenso, quase neurótico, contribuíram para forjar a imagem de excêntrico. Trabalhou anos, porém para dominar sua técnica, emergindo como um dos maiores artistas do século 20. Aderiu ao Impressionismo, mas aos poucos foi criando uma linguagem própria, que iria firmá-lo como o “pai da arte moderna”. A fama chegaria tarde: em 1995, uma primeira grande mostra individual revelou sua genialidade a um público incrédulo. Nos último anos, na solidão do interior da Provença, dedicou sua vida à arte, pintando intensamente até que a morte chegasse, aos 67 anos.

Vincent van Gogh (1853-1890), empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguin, principalmente pela sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores bem definidas.

Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da França, onde passou a pintar ao ar livre. O sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função de representar emoções. Entretanto ele passou por várias crises nervosas e, depois de internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers, uma cidade tranquila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca de oitenta telas com cores fortes e retorcidas.

Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem pelos críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em direção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores.

Toulouse-Lautrec (1864-1901) talvez o maior artista gráfico de sua época, é lembrado sobretudo por seus cartazes arrojados sobre os artistas de casas noturnas parisienses. Filho de um excêntrico aristocrata, passou a infância na mansão da família, no sudoeste da França, onde sofreu as quedas que lhe quebraram ambas as pernas, paralisando seu crescimento. Quando se transferiu para Paris, aos 17 anos, era um jovem de aspecto desproporcional e mais parecia um anão. Apesar da sua origem aristocrática sentia-se mais à vontade nos cabaré e bordéis da capital francesa: sua arte reflete esse cotidiano e chegou ao apogeu no início da década de 1890, antes que o alcoolismo o tivesse dominado. Teve morte patética, aos 36 anos de idade, depois de brutal decadência física.

Edvard Munch (1863-1944) foi um dos primeiros artistas do século XX que conseguiu conceder às cores um valor simbólico e subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, em 1863, Munch iniciou sua formação na cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh.

Em seu regresso, foi convidado a participar da exposição da Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito (1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não apresenta suas linhas reais, mas contorce-se sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito perturbador.

Perseguido pela tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar “pessoas vivas, que respiram e sentem, sofrem e amam”. Recusou o banal, as cenas interiores pacíficas, comuns na sua época. A dor e o trágico permeiam seus quadros.

Kirchner (1880-1938)  foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o  pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua formação na cidade de Munique.

Pouco tempo depois se reuniu com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais, motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke (A Ponte, numa referência à frase do escritor: “… a ponte que conduz ao super-homem”). Veio então a época em que os pintores se reuniam numa casa de veraneio em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza. No final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.

Paul Klee (1879-1940) é considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista. Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor dedicou-se durante a toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. Seguindo o exemplo de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter.

Em 1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: “A cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento”. Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de “matéria e sonhos”.

Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos que resumem seu pensamento artístico.

Amadeo Modigliani (1884-1920) iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois se mudou para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi. Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras esculturas, motivado pelas peças de arte africana chegadas à França das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e o estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses, composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa, pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar alguns, à dos gênios solitários.


SaibaMaisA história de dois amigos

Van Gogh conheceu Gauguin poucos meses antes, em Paris, e ficaria fascinado com a personalidade arrebatadora desse artista aventureiro que acabava de voltar do Panamá e da Martinica com uns quadros cheios de luz e de vida primitiva, como a que ele reclamava para contra balançar “a decadência do Ocidente”. Então, pedira a seu irmão Theo que o ajudasse a convencer Gauguin que fosse à Provença morar com ele. Ali, nessa casa amarela, fundariam uma comunidade de artistas, da qual seriam os pioneiros. Gauguin a dirigiria e novos pintores chegariam para integrar essa confraria ou comuna fraternal, onde tudo seria partilhado, se viveria pela e para a beleza e não existiriam a propriedade privada nem o dinheiro.

Os dois meses que Van Gogh e Gauguin passaram em Arles, entre outubro e dezembro de 1888, são os mais misteriosos de suas biografias. Véspera de Natal de 1888, uma discussão no Café Estação, enquanto bebiam absinto, termina de modo abrupto: o holandês lança sua taça contra o amigo, que mal se desvia dela. No dia seguinte lhe comunica a intenção de mudar-se para um hotel, pois, lhe diz, caso o episódio se repetisse, ele poderia reagir com igual violência e apertar-lhe o pescoço. Ao anoitecer, quando está atravessando o Parque Victor Hugo, Gauguin sente passos às suas costas. Volta-se e vê Van Gogh com uma navalha na mão, que, ao se sentir descoberto, foge. Gauguin vai passar a noite num hotelzinho próximo. Às 7 da manhã volta à Casa Amarela, em Arles, a descobre rodeada de vizinhos e policiais.

Na véspera, depois do incidente no parque, Van Gogh havia cortado parte da orelha esquerda, levando-a, embrulhada num jornal a Rachel, prostituta com quem Van Gogh saia, no bordel de madame Virginie. Depois havia voltado ao seu quarto e ido dormir em meio a um mar de sangue. Gauguin e os policias o transferem para o Hotel Dieu e Gauguin parte para Paris na mesma noite.

Embora nunca voltassem a ver-se, nos meses seguintes, enquanto Van Gogh permanecia um ano inteiro no sanatório de Saint Rémy, os amigos de Arles trocaram algumas cartas, nas quais o episódio da mutilação da orelha e suas experiências em Arles primam pela ausência. Quando do suicídio de Van Gogh, um ano e meio depois, com uma bala de revólver no estômago, em Auvers-sur-Oise, Gauguin fará um comentário brevíssimo e ríspido, como se tratasse de alguém muito alheio a ele (“Foi uma sorte para ele, o fim de seus sofrimentos.”). E nos anos seguintes evitará falar do holandês, como que assediado por um incômodo permanente.

No entanto, é óbvio que não o esqueceu, que essa ausência esteve muito presente nos 15 anos de vida que lhe restavam, talvez de um modo que nem sequer foi sempre consciente. Por que se empenhou em semear girassóis diante de sua cabana em Punaauia, no Taiti, quando todo mundo lhe garantira que essa flor exótica nunca havia conseguido aclimatar-se na Polinésia? Mas o “selvagem peruano”, como gostava de se chamar, era teimoso e pediu sementes a seu amigo Daniel de Monfreid, e trabalhou a terra com tal perseverança que afinal seus vizinhos indígenas e os missionários daquele lugar perdido, Punaauia, puderam deleitar-se com aquelas estranhas flores amarelas que acompanhavam a trajetória do Sol.

O termo Expressionismo talvez não tenha sido uma escolha feliz, pois sabemos que nós estamos todos nos expressando em tudo que fazemos ou deixamos de fazer, mas a palavra tornou-se um rótulo conveniente por causa de seu contraste facilmente recordado com impressionismo, e, como rótulo, ser bastante útil.

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