A crítica discutiu muito em torno dessa obra, repleta de figuras alegóricas, simbólicas e legendas de interpretação nada fácil.
Certamente Botticelli mostra na minuciosa elaboração deste quadro a atormentada crise religiosa e política que caracterizou a sua atividade na maturidade.
O tom profético inspirado no Apocalipse de São João e os obscuros temores que afloram da inscrição em caracteres gregos colocada na margem superior, cheia de referências históricas e culturais, revelam-nos a data da pintura: 1500.
Prováveis referências às pregações de Savonarola – queimado na fogueira dois anos antes da execução dessa tela e de quem Botticelli era um obstinado defensor – são os anjos que abraçam três homens na parte inferior, os demônios que desaparecem nas fissuras das rochas, as três figuras angelicais vestidas de branco, vermelho e verde no telhado da cabana, que representam as virtudes teologais, o circulo dos anjos cantando Hosanas e que usam coroas e ramos de oliveira.
Botticelli sublinha a ausência de realismo e a artificialidade da arte adorando convenções da pintura medieval com fins simbólicos e espirituais, como a inadequada perspectiva e as dimensões exageradas da Virgem e do Menino comparativamente com as outras personagens, retrocedendo, assim, em relação ao espírito humanista da época.
É o único quadro que chegou até nós assinado e datado por Botticelli.
Por detrás da representação sagrada existe uma mensagem política e espiritual: os anjos que esvoaçam à luz dourada do paraíso, assim como aqueles em volta da cabana seguram ramos de oliveira, que representam a paz.
Este quadro pertence ao acervo da National Gallery de Londres.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Botticelli, experimente desenvolver sua releitura sobre o tema, inspire-se em uma cena mitológica ou sagrada com simbologias, e use o material colorido que você mais gostar.
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