O encontro e a correspondência que o artista trocou com o critico Émile Bernard, serviu de base para vários artigos de Bernard, nos quais essas ideias foram descritas.
Em “Une conversation avec Cézanne”, publicado no Mercure de France, em 1º de junho de1921, págs.372-397.
Bernard escreveu:
“Em 1904, durante um dos nossos passeios nas proximidades de Aix, perguntei à Cézanne:
– O eu acha dos Mestres?
– São bons. eu ia ao Louvre todas as manhãs quando estava em Paris. Mas acabei apegando-me mais à natureza do que eles. É preciso aprender ver por si mesmo.
– O que quer dizer com isso?
– Devemos criar uma ótica, devemos ver a natureza como ninguém a viu antes.
– Não resultará isso numa visão demasiado pessoal, incompreensível aos outros? Afinal de contas, não é a pintura como a fala? Quando falo, uso a mesma língua que você. Será que compreenderia se eu tivesse criado uma língua nova, desconhecida? É com essa língua comum que devemos expressar as novas ideias. Talvez este seja o único meio de torna-las válidas e aceitáveis.
– Por ótica quero dizer uma visão lógica, isto é, sem nada de absurdo.
– Mas em que se baseia a sua ótica, Mestre?
– Na natureza.
– O que quer dizer com essa palavra? Trata-se da nossa natureza ou da natureza em si?
– Trata-se de ambas.
– Portanto, o senhor concebe a arte como uma união do universo com o individuo?
– Concebo-a como uma percepção pessoal. Coloco essa percepção na sensação e peço que a inteligência a organize numa obra.
– Mas de que sensações o senhor fala? Daquelas que estão em seus sentimentos ou daquelas que provem da sua retina?
– Acho que não pode haver uma separação entre elas. Além disso, sendo pintor, apego-me primeiro a uma sensação visual.”